a vespa
é uma mosca que faz mel
eu,
ora vespa, ora mosca, ora mel
a verdade é que sou muitas
mas me dão uma só
a verdade
na verdade
só meu espírito
nada cansado
sabe
Letícia Segalla ⋆ JUN/23
meu eu
que é teu
é tudo
menos eu
meu dorme
por isso me assusto
mas quando desperta
nesse momento
eu sou
e já não quero
ser mais nada
Letícia Segalla ⋆ DEZ/24
a formiga e o elefante
uma formiga não será um elefante
porque um elefante não é uma formiga
uma formiga cabe nessa sala, nessa palma
há formiga em todo lugar
o elefante não cabe na sala,
nem na palma
nem nunca vi em lugar nenhum
o amor é formiga
mas há quem pense que é elefante
elefante pode matar formiga
mas formiga não mata elefante
Letícia Segalla ⋆ DEZ/24
a cabeça
repousa no corpo
mas quando não para um segundo
mata o corpo,
que repousa, pesado,
a cabeça
que quando tá tranquila
vitaliza a pele toda
que busca o sol
e leva
a cabeça
para passear
Letícia Segalla ⋆ NOV/24
. . .
sigo em busca
do que é simples
simplesmente simples
impressionantemente
simples
tão simples
quer perco as palavras
Letícia Segalla ⋆ FEV/25
p(alma)
se há
alma
na palma
a chama
se faz
Letícia Segalla ⋆ NOV/23
a bandeira do olhar
Precisei registrar meu olhar
Há dias que não sei se vejo
Como acho que vejo
E como quero ver
Rever o olhar
Com marcas e enganos
Revela a verdade
Mais mentirosa que existe
Letícia Segalla ⋆ MAR/25
a poesia
é um cofre de palha
quando o vento bate
palavra por palavra
se espalha
Letícia Segalla ⋆ DEZ/24
Prece cotidiana
Que eu saiba sustentar o desconforto
de fazer valer minhas vontades
sem medo de desagradar
Que eu não me anule para ser aceito
não me diminua para caber
nem me envaideça para agigantar
Que eu saiba o tamanho que tenho
para viver o sem tamanho que podemos ser
ao confiar no coração do espaço
Letícia Segalla ⋆ 15/04/2025
dia errado
Tô escrevendo em dia errado
nem me sinto incomodado
do tempo não ser esse mais
Não brigo mais com calendário
e nem escrevo diário
que é para parar de me cobrar
Quando quero eu registro
de qualquer jeito no improviso
em qualquer folha de papel
Porque a tela (essa aqui) não risca
tudo brilha, quase faísca
tudo nela quer se mostrar
Mas o papel atende tudo
borracha e qualquer conteúdo
sem ordem, like, ou estética
Tem papel ali na mesa
entre o café e a cerveja
esperando eu me mostrar
Que bonito o que escrevo pra fora
que passa dentro e vai embora
como (quem) nem queria ser
E foi sendo e me livrando
de tanto erro, de tanto pranto
que depois eu vi, não era
Era vida acontecendo
com muita pressa e desassossego
me mudando de lugar
Bonito é o que escrevo aqui fora
que passa dentro e vai embora
como xícara de café
Que aquece e desperta a alma
sinto o cheiro e vivo com calma
escrevo no dia que é
Letícia Segalla ⋆ FEV/21
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